sexta-feira, 29 de maio de 2009

HERANÇA VASCAÍNA

Semana que vem meu avô faz aniversário. Cearense forte está com 75 anos. Em 1956 ele aportava na Cidade Maravilhosa. Veio escondido nos porões de um navio. Fugia da seca e do desemprego no sertão nordestino. Deixou a esposa e um filho, que mandou buscar no ano seguinte.
Seu Zé curtiu muito bem a sua juventude. Namorou, dançou forró em todos os bailes. Mas o que ele gostava mesmo de fazer era ir ao estádio ver o seu Ferrinho jogar. Ainda no Ceará meu avô torcia pelo Ferroviário. Herdei dele o costume de ir sozinha aos jogos. Sem turma, sem torcida. Lá encontrava os mesmos rostos, fazia amizades.
Na década de 40 era comum os clubes excursionarem para outros estados e até outros países. Todos os clubes cariocas foram ao Ceará nessa época. Meu avô foi a todos os jogos. Os clubes criavam uma espécie de torneio relâmpago. Disputavam de três a quatro jogos com os clubes locais. Quem vencesse mais jogos levava o caneco. O único clube carioca que conseguiu se sagrar campeão em terras cearenses foi o Clube de Regatas Vasco da Gama.
Seu Zé se encantou pelo time da Colina. Ouvia no rádio notícias sobre as conquistas de Barbosa, Ademir e cia. Havia um encanto pelos jogadores que formavam a base da seleção brasileira. O Expresso da Vitória entrou em campo e ele nunca mais esqueceu. Nem dos gols, nem dos lances. Meu avô trabalha em feira. Acorda todos os dias às 4 da manhã. Não é um cara cansado, nem aparenta ser septuagenário. E é impressionante perguntar a ele a escalação daquele histórico time e a resposta vir precisa.
Desde então José Bernardino Rodrigues é vascaíno. Seu filho e netos também. Hoje ele não assiste mais aos jogos, diz que fica nervoso. A última vez que foi ao Maracanã ficou na geral com o radinho colado no ouvido andando de um lado para o outro. Nem viu o jogo. Mas já pediu para ir a São Januário ver o clube no Campeonato Brasileiro.
Atualmente é complicado saber a escalação de cor. Os jogadores vão e vem pelas janelas da transferência. Mas o encanto pela história traçada por este gigante que é o Vasco jamais será esquecido. O Expresso da Vitória é prova disso. A década de 90 também.
Agora a história se volta para nós torcedores. Os jornais, as rádios e até a televisão estão creditando as vitórias do nosso time a vibração e as festas da arquibancada. O apoio tem sido perfeito e bastante eficaz em momentos decisivos.
A determinação está vindo de fora para dentro das quatro linhas. Continuemos com este movimento de apoio incessante. E qualquer dia desses vocês esbarram com o meu Vô Pretinho apoiando ou andando com seu radinho pelos corredores de São Januário.

Saudações vascaínas,
/+/ Renata Neris

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