Semana que vem meu avô faz aniversário. Cearense forte está com 75 anos. Em 1956 ele aportava na Cidade Maravilhosa. Veio escondido nos porões de um navio. Fugia da seca e do desemprego no sertão nordestino. Deixou a esposa e um filho, que mandou buscar no ano seguinte.
Seu Zé curtiu muito bem a sua juventude. Namorou, dançou forró em todos os bailes. Mas o que ele gostava mesmo de fazer era ir ao estádio ver o seu Ferrinho jogar. Ainda no Ceará meu avô torcia pelo Ferroviário. Herdei dele o costume de ir sozinha aos jogos. Sem turma, sem torcida. Lá encontrava os mesmos rostos, fazia amizades.
Na década de 40 era comum os clubes excursionarem para outros estados e até outros países. Todos os clubes cariocas foram ao Ceará nessa época. Meu avô foi a todos os jogos. Os clubes criavam uma espécie de torneio relâmpago. Disputavam de três a quatro jogos com os clubes locais. Quem vencesse mais jogos levava o caneco. O único clube carioca que conseguiu se sagrar campeão em terras cearenses foi o Clube de Regatas Vasco da Gama.
Seu Zé se encantou pelo time da Colina. Ouvia no rádio notícias sobre as conquistas de Barbosa, Ademir e cia. Havia um encanto pelos jogadores que formavam a base da seleção brasileira. O Expresso da Vitória entrou em campo e ele nunca mais esqueceu. Nem dos gols, nem dos lances. Meu avô trabalha em feira. Acorda todos os dias às 4 da manhã. Não é um cara cansado, nem aparenta ser septuagenário. E é impressionante perguntar a ele a escalação daquele histórico time e a resposta vir precisa.
Desde então José Bernardino Rodrigues é vascaíno. Seu filho e netos também. Hoje ele não assiste mais aos jogos, diz que fica nervoso. A última vez que foi ao Maracanã ficou na geral com o radinho colado no ouvido andando de um lado para o outro. Nem viu o jogo. Mas já pediu para ir a São Januário ver o clube no Campeonato Brasileiro.
Atualmente é complicado saber a escalação de cor. Os jogadores vão e vem pelas janelas da transferência. Mas o encanto pela história traçada por este gigante que é o Vasco jamais será esquecido. O Expresso da Vitória é prova disso. A década de 90 também.
Agora a história se volta para nós torcedores. Os jornais, as rádios e até a televisão estão creditando as vitórias do nosso time a vibração e as festas da arquibancada. O apoio tem sido perfeito e bastante eficaz em momentos decisivos.
A determinação está vindo de fora para dentro das quatro linhas. Continuemos com este movimento de apoio incessante. E qualquer dia desses vocês esbarram com o meu Vô Pretinho apoiando ou andando com seu radinho pelos corredores de São Januário.
Saudações vascaínas,
/+/ Renata Neris
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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